segunda-feira, 8 de março de 2010

virtual ou real?

quando eu era criança, além de morar na roça, morei um ano numa cidade bem pequena, numa ocasião em que meu pai, por razões que não vêm ao caso, teve um restaurante.

me lembro que tínhamos um telefone de parede, que era uma caixa de madeira retangular, com um bocal fixo e um fone preto e pesado que ficava preso num gancho ao lado.



era parecido com esse, mas não tinha disco. a gente tirava o fone do gancho, a telefonista atendia, a gente pedia o número e ela ligava. os números (na minha cidade) tinham só 2 dígitos, vejam só!

se a ligação fosse para outra cidade, tinha de ser planejada previamente. me lembro que, quando minha mãe queria falar com uma tia que morava em são paulo, ela pedia a ligação bem cedinho, e ficava aguardando, às vezes o dia todo. como a tia não tinha telefone em casa, só no trabalho, a ligação tinha de ser completada até as 18 horas; se não fosse, ficava para o dia seguinte...
e a coisa era complicada! a telefonista de uma cidade se comunicava com a colega de outra cidade, que fazia uma espécie de "ponte" para chegar a são paulo.

quando enfim se completava a ligação, ninguém podia fazer barulho, pq o som era péssimo, cheio de ruídos. às vezes se ouvia tão mal, que nem dava pra conversar direito.

telefonemas, portanto, ficavam restritos a assuntos urgentes, que não podiam esperar o tempo que demorava uma carta - não sei qual era esse prazo, mas devia ser longo.

mesmo assim, todo mundo vivia muito bem. negócios eram feitos, namoros evoluíam até o casamento, amizades perduravam, fofocas pipocavam, o mundo girava e a lusitana rodava...

o tempo passou - estou falando de uns 45 anos - e hoje praticamente todo mundo vive grudado a um telefone celular. ninguém sai de casa sem ele. é como uma peça de roupa, essencial.

criamos uma dependência tão grande que, se esquecemos em casa o aparelhinho, ficamos nervosos, como se nesse período de separação fosse acontecer algo muito, muito grave sem o nosso conhecimento.

como se não bastasse o telefone, agora os aparelhos também nos conectam à internet, então temos ("temos" não, pq eu não tenho desses modernosos) acesso 24 horas ao correio eletrônico, twitter, facebook...

as pessoas recebem e respondem seus correios eletrônicos de qualquer lugar: mesa de restaurante, metrô, sinal fechado, volante de carro, fila de supermercado...

o blackberry da minha filha vive apitando, alertando que chegaram e-mails novos (o marido hoje reclamou que ele apita inclusive durante a noite).

vive-se, portanto, conectado ao mundo virtual - ao real, nem sempre...

ah, e tem os joguinhos! meu genro, por exemplo, o que reclama dos apitos noturnos, é um que não desgruda do seu aparelho: vive jogando paciência spider, esteja onde estiver. e paciência, como se sabe, é jogo pra um só.

a folha de são paulo publicou hoje 2 textos, um da danuza leão e outro de vinícius queiróz galvão, ambos sobre problemas de relacionamento pessoal gerados pelo uso do celular. vale a pena ler.




8 comentários:

Cinária Mendes disse...

Estou querendo um telefone bem antigo para mais uma antiguidade aqui em casa.Quando eu tinha 15 anos nem telefone tinha em casa(coisa de adolescente)hoje tenho nos quartos,sala e cozinha alem dos celulares.Beijos

Lata de Luxo disse...

Ola,Fatima.
Estou passando aqui para te desejar um FELIZ DIA DAS MULHERES,para todas nos que amamos ser mulher.
Obs: E incrivel,mas...eu nao tenho celular,acho uma coisinha inconveniente...rsrsrsr,e nao me faz falta.
Grande beijo.zenaide storino.

Videcorando disse...

lindo telefone, adoro coisa antiga.
adorei seu blog, tô te seguindo
bjos
videcorando

Unknown disse...

OI Fátima, eu também fico impressionada com o fato da tecnologia ser tão imprescindível para as pessoas! Antigamente não existia telefone celular, muito menos computador, e as pessoas viviam muito bem. Mas hoje, com a globalização, com a rápida evolução das coisas, as pessoas têm medo de ficarem desatualizadas, por fora dos acontecimentos, seja de que dimensão for. Antigamente as pessoas se davam por satisfeitas em ver as notícas nos jornais, hoje a internet, os celulares e tudo mais trazem a notícia quase que em tempo real. è uma loucura mesmo. Vc acredita que eu nem tenho celular? E consigo sobreviver. he he . /beijocas

lilly disse...

oi fátima
engraçado que não precisavamos ficar plugados no telefone o dia todo lembra?
hj é um inferno, atendemos ligação no uspermercado, na reunião de trabalho ou da escola, enquanto conversamos com um amigo, cinema, restaurante
é um inferno.
"ahhhh eu não posso perder tempo"
" ahhh isos é mto importante"
IMPORTANTE É ESTAR FOCADO NO QUE SE ESTÁ FAZENDO NA HORA, NÃO PARAR TUDO POR CAUSA DE UMA LIGAÇÃO
resisti bravamente ao uso do celular.
tive um que a cachorra roeu.
agora tenho u exclusivamente pra falar com o mr husband pois ele trabalha em andradina.
então nos falamos mais...
e ninguem mais tem o numero
como irrita!
concordo com vc em genero e numero
bjo lilly

Unknown disse...

Olá Fátima,
Convido você e seus leitores a participarem do soretio de cadernos de notas da marca MOLECO que promovo no meu moleskine virtual.
O sorteio ocorrerá em 20/03.
Passe lá e boa sorte!
Beijos
Cris*
cadê o meu moleskine?
[clborrego.blogspot.com]

Artes da Cissa disse...

Oi Fatima,
Adorei suas palavras. Detesto celular, so uso por necessidade, o meu fica o dia inteiro dentro da bolsa.
Acho a maior falta de educação atender em qualquer lugar, muitas pessoas deveriam fazer um curso para poder usar, falam sobre suas intimidades dentro o onibus, nas filas como se estivessem sozinhos.
costumo dizer que qualquer dia ate cachorro vai ter celular.
Falam tanto no celular que quando estão juntas não tem mais assunto.

Lata de Luxo disse...

Ola.
Oi,sumida.
Tive que vir dar uma cutucada em voce.Acorda,muie!
Tem sorteio bacana la no meu blog Lata de Luxo.Vai la,e legal.
bjs e apareca,ta?
zenaide storino.