quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Bolo branco com castanha do Pará e limão – e o livro preferido neste momento

Confesso que desde que comprei o tal livro com receitas de bolos em Paris ando louca para testar tudo que tem lá. As fotos são super apetitosas e as receitas são explicadinhas, com fotos do passo a passo. Coisa de iniciante, tipo eu. O livro é parte de uma coleção que foi lançada em inglês, em francês e, olha que beleza, em português também. Este volume dos bolos, especificamente, eu não vi em português no site da editora.
A receita que fiz desta vez é de um bolo de manteiga. Bem, esse é o nome que o livro dá. De fato, vai muita manteiga, mas também tem limão e castanha do Pará (tá, a receita original usava amêndoas, mas, enfim). Por isso mudei o nome (e alterei de leve alguns dos ingredientes ou a quantidade deles).
É um bolo bem macio e a castanha do Pará (ou, vá lá, a amêndoa) dá um crocante discreto e bem gostoso, é um charme. Bolo para tomar com chá ou comer no café da manhã, sabem?

(passou um tantinho do ponto, mas ficou bem gostoso mesmo assim)


Bolo branco com castanha do Pará e limão

- 2 xícaras de açúcar (
- 225g de manteiga sem sal em temperatura ambiente
- 3 ovos + 3 gemas
- 3 xícaras de farinha de trigo
- 2 + 1/2 colheres de café de fermento em pó
- uma pitada de sal
- 300 ml de leite
- 1 xícara de castanha do Pará picada (a receita mandava usar amêndoas, troquei pelas castanhas e amei!)
- raspa de um limão (usei siciliano)

Preaqueça o forno a 180º. Unte uma forma redonda de buraco no meio (usei uma de silicone, que não precisa ser untada). Em uma tigela, peneire a farinha, o fermento e o sal e reserve. Bata a manteiga com o açúcar até ficar fofo (cerca de 5 minutos). Acrescente os ovos um a um, depois as gemas, batendo sempre. Acrescente a mistura de farinha e bata mais até ficar homogêneo. Por fim, junte o leite e bata por cerca de 3 minutos. Desligue a batedeira e, com uma colher, misture cuidadosamente a castanha e as raspas de limão na massa.
Despeje na forma e leve ao forno por cerca de 40 minutos, ou até dourar e o palito sair seco (vamos todos fingir que eu não deixei passar um tantinho do ponto – na foto dá para ver que a casquinha "dourou" um pouco demais, mas abafa!).
Se quiser fazer uma cobertura glaceada, misture 180g de açúcar de confeiteiro peneirado com duas colheres de manteiga sem sal derretida, depois acrescente o suco de um limão (também usei siciliano) e misture bem com um fouet. Despeje sobre o bolo e curta, é bem gostoso.

segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Torta de atum, a preferida dos amigos

Sabe aquelas receitas que sempre te pedem pra fazer? Esta torta de atum é a preferida dos meus amigos e colegas de trabalho: toda vez que combinamos de levar coisinhas de comer a algum lugar, ou que recebo os amigos em casa com um lanche, ela é a escolhida. Meu pai também gosta bastante, de vez em quando faço lá na casa da minha mãe quando rola aquela preguicinha de fazer jantar.

É uma receita super fácil. E é realmente gostosa. A massa é de liquidificador, mas é bem leve e pode ser recheada de mil outros jeitos (minha mãe inventou um recheio de legumes que, hmmm, é delicioso! Já fiz também com carne moída, frios etc.), use sua imaginação.


Torta de atum

recheio
- 2 latas de atum sólido em óleo, já escorrido
- 1/2 lata de milho
- cerca de 10 azeitonas verdes picadas
- 1 cebola
- 1 tablete de caldo de legumes
- pimenta do reino moída na hora

massa
- 2 ovos
- 2 xícaras de leite
- 1/2 xícara de óleo
- queijo a gosto (uso parmesão ralado ou um pedaço de queijo meia cura e coloco bastante, umas 3 ou 4 colheres de sopa)
- pimenta do reino moída na hora (opcional)
- cheiro verde a gosto (opcional)
- 10 colheres de farinha de trigo
- 1 colher de fermento em pó

Pré-aqueça o forno a 180º e unte com manteiga um recipiente de vidro refratário (não precisa polvilhar farinha, basta a manteiga). Gosto de usar um recipiente de vidro porque é possível ver o fundo da torta, que fica bem moreninho. Mas, se preferir, use uma assadeira.
Prepare primeiro o recheio: corte a cebola em fatias grossas e refogue rapidamente com um pouco de azeite, em fogo médio-baixo, só para dar uma leeeve amolecida. Não é preciso deixar a cebola realmente mole, isso vai acontecer dentro do forno depois. Acrescente o tablete desmanchado de caldo de legumes (uso aqueles com menos sódio, o atum já é bem salgado, as azeitonas também, ninguém precisa de sal demais!), misture bem e desligue o fogo. Só então acrescente o milho, as azeitonas, a pimenta do reino e, por último, o atum desmanchado com o garfo. Misture tudo e reserve.
No liquidificador, combine os ovos, o leite e o óleo. Acrescente o queijo ralado, a pimenta e, se quiser dar um toque verdinho à massa, um tanto de cheiro verde. Eu não coloco sal, o queijo já salga o suficiente, acredite. Bata mais. Com o liquidificador ligado, vá acrescentando a farinha de trigo às colheredas. Por último, coloque o fermento e bata somente até incorporar.
Na assadeira untada, despeje uma parte da massa – só o suficiente para cobrir todo o fundo. Espalhe por cima o recheio, com a ajuda de uma colher grande. Cubra tudo com o restante da massa. Leve ao forno por cerca de 40 minutos ou até dourar. Sirva quente ou à temperatura ambiente.

sábado, 26 de novembro de 2011

ao filho que vai nascer

no mullher 7x7 de hoje um post da jornalista brasileira martha m batalha me deixou muito emocionada. é uma carta dirigida ao filho que vai nascer nos estados unidos, com outros costumes, outra língua, longe do seu (dela) país.


"Gabriel,
Faltam três meses para você nascer. A primeira coisa que eu vou fazer quando você chegar é ver o quanto você se parece comigo ou com o seu pai. Mas, mesmo que você tenha meus olhos grandes e negros, mesmo que tenha a mesma carinha redonda, eu tenho medo de todo o resto ser muito, muito diferente de mim.
Você vai nascer americano.
Você nunca vai saber o que é poder andar o ano inteiro de short, camiseta e sandália Ortopé. Não vai saber o que e ir à feira domingos de manhã, não vai escutar o homem gritando na praia Biscooooito Globo. Não vai me ouvir reclamando porque você me pediu pra eu te levar pela centésima vez às grutas do Parque Lage. Não vai chorar porque os girinos que capturou no Jardim Botânico não aceitaram o pão que você deixou e apareceram boiando na tapeware com água depois de três dias. Você nunca vai saber o que é ir todos os anos na Loja Bonita pra comprar a roupa do seu aniversário. Não vai poder fugir para a casa dos avós quando brigar comigo. Não vai escutar a música do Jornal Nacional e saber que é hora de dormir. Vai pedir cupcakes em vez de bolo de milho. Sesame Street em vez de Sitio do Pica-Pau Amarelo.
É por isso que numa noite qualquer do meu futuro eu vou acordar com olhos arregalados e peito apertado que nem rosbife em barbante, pensando que você me esquecerá logo, porque a sua realidade vai ser completamente diferente da minha.
Pra você, junho não vai ser mês de festa junina, 12 de outubro não vai ser Dia das Crianças. Quem chegar por último não vai ser a mulher do padre e escolhas não serão feitas por unidunitê. Não vai ter primos pra brincar, não vai ter primos pra brigar. A Floresta da Tijuca não vai ser o seu quintal, e sua língua nunca vai ficar roxa de comer sacolé de uva. Você não vai ver Pluft no teatro Tablado e não vai ter medo da Cuca. Não vai saber o que é ter uma jabuticabeira no quintal ou torcer pelo Botafogo.
Mas ao menos vai saber o que é um choro do Pixinguinha e quem foi Vinícius de Morais. Porque eu vou estar na sua cama todas as noites contando histórias deste lugar de onde eu vim, lendo Lygia Bojunga e Monteiro Lobato. E quando não forem histórias de livro serão histórias de mim. Na sua cabeça, o Brasil vai se tornar esta terra distante e exótica, onde ainda é possível encontrar nas matas saci pererê e mula-sem-cabeça. Onde todo mundo dança por uma semana todo o ano. Onde espíritos de pretos velhos podem tomar pessoas. Onde um poeta chamado Chico colocou em versos toda a história do pais, e uma praia em frente a uma imensa lagoa contém as mulheres mais bonitas do mundo.
Vai ser tanto meu empenho em te formar  brasileiro que talvez eu consiga te fazer dividido como eu. Mas, olha, isso e bom. Existem várias janelas de se ver o mundo, e você terá pelo menos quatro – a brasileira, a americana, a portoriquenha e a cubana – consulte seu pai sobre as últimas duas, que de assuntos caribenhos entende ele.
Mas prometo não ser também completamente brasileira, pra me adaptar a este mundo que é todo seu e apenas metade meu. Prometo ser a melhor mãe americana que eu puder. Prometo aprender a fazer bolos em formato de castelos, balões e elefantes, só porque todas as mães dos seus amigos precisam ser parecidas com a Martha Stweart – e você precisa que eu seja parecida com a mae dos seus amigos. Prometo aprender a comer peru no Thanksgiving – desde que eu possa repetir a receita no Natal, porque Natal de verdade se faz com peru, calor e rabanadas. Prometo te vestir de Ninja para juntos batermos de porta em porta pedindo doces em 31 de outubro. Prometo um dia me esforçar e aprender a viver numa destas casas de subúrbio longe de tudo e para onde todos vão, pra que você tenha um jardim com balanço e casa na árvore. Prometo deixar você pedir no restaurante um cheesburguer duplo com batatas fritas com queijo e bacon, mas uma só vez por ano, e se o ano for bissexto. Prometo me esconder pra chorar quando você sair de casa aos 18 anos pra fazer faculdade, sabendo que poderá nunca mais voltar. Prometo não invadir o campo quando cinco trogloditas pularem em cima de você no jogo de futebol americano.
Não, isso eu não prometo.
Eu te prometo tudo (ou quase tudo), e só te peço uma coisa. Não se esqueça de onde você veio. Não se esqueça de que você é metade latino. Jamais tenha vergonha de falar espanhol ou português, mesmo quando você descobrir que existe uma hierarquia de culturas no mundo, e que o Brasil ou Porto Rico não encabeçam a lista. Perdoe sua mãe quando ela errar o passado de algum verbo irregular em inglês na frente dos seus amigos.
Agradeça em espanhol ao ajudante de garcon que limpar a mesa do restaurante em que você levar a sua namorada. Não finja que não entende português quando for a única pessoa do check in do vôo para o Rio com apenas uma mala, e estiver cercado por pessoas com bagagem suficiente para passar 40 anos no deserto e descobrir com Moisés a terra prometida. Não tenha vergonha do seu sobrenome Suarez Batalha, mesmo se você um dia tiver um emprego muito, muito chique, e só tenha Smiths, Alens, Caldwells e Williams como colegas. Você vai se chamar Gabriel pra levar a marca latina no nome e sobrenome. É isso o que os latinos dizem aqui, você sabia? Que todos eles nascem com uma marca. Você terá muito mais oportunidades do que a maioria dos latinos neste país, mas nunca deixará de ser um deles. Respeite todos os imigrantes – ilegais ou não. É sempre sofrido mudar de país, e a maioria deles veio de lugares tristes. E, de certa forma são mais do que você. Porque foram capazes de chegar onde chegaram com muito menos possibilidades.
É isso, Gabriel. Eu sei que você vai ser muito diferente de mim. Mas sei também que as palavras Eu te amo vão chegar no seu coração antes que I love you. E espero que a minha insistência faça você tão latino quanto eu. Mesmo quando você estiver quase se esquecendo de mim, jamais renegue o seu passado.
Se eu souber que isso aconteceu, só não vou baixar suas calças e bater na sua bunda cabeluda de homem feito porque meu olhar já fará o serviço."

sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Bolo de chocolate com pimenta

Comprei um livro de receitas incrível na minha viagem para Paris, mas que, por ironia, é de uma autora inglesa. De qualquer forma, acho gostoso fazer bolos em francês! :)
Recebi amigas queridas em casa e queria fazer um bolo de chocolate gostoso para elas. Escolhi o gâteau au chocolat épicé, ou bolo de chocolate com especiarias. Mas, como tive de trocar um dos ingredientes, acabou se tornando um bolo de chocolate com pimenta.
Este é um bolo de massa firme-mas-levemente-esfarelenta, bem molhadinho, um tipo de brownie mesmo, doce na medida. Não usei muita pimenta porque sabia que uma das convidadas não é a maior fã das ardidinhas, mas por mim colocaria um pouquinho mais...


Bolo de chocolate com pimenta
levemente adaptado do livro Les gâteaux aux Maison, da Abi Fawcett

- 1/4 de colher de café de canela em pó
- 1 pitada caprichada de pimenta calabresa em flocos
- 1/4 de colher de chá de pimenta do reino moída na hora
- 1/4 de colher de chá de grãos de pimenta-rosa (a receita original usava 1/4 de colher de café de cardamomo em pó, mas eu não tinha e, na verdade, não me agrada 100%, por isso resolvi trocar pela pimenta-rosa)
- 300g de chocolate em barra (usei uma barra com 55% de cacau e uma de meio amargo – chocolate ao leite ficaria doce demais)
- 1/2 colher de chá de essência de baunilha
- 1 pitada de sal
- 100g de manteiga sem sal
- 3 ovos
- 100g de açúcar (3/4 de xícara)
- 75g de farinha de trigo (1/2 xícara + uma colher de sopa)
- 1 colher de chá de fermento em pó
(se quiser, use também 1 colher de sopa de conhaque, como manda a receita – eu não gosto e não usei)

Pré-aqueça o forno a 180º. Soque os temperos em um pilão e reserve. Derreta o chocolate em banho-maria, depois acrescente, aos poucos, a manteiga, a baunilha, os temperos e o sal (se for usar conhaque, acrescente-o também), misturando tudo com um fouet. Na batedeira, bata os ovos e o açúcar até obter uma massa leve. Combine o chocolate temperado à mistura de ovos e, depois, peneire a farinha e o fermento e misture com o fouet até ficar homogêneo. Leve ao forno em uma assadeira untada e enfarinhada de cerca de 20 cm (eu usei uma fôrma quadrada de silicone de 24 cm sem untar). Asse por cerca de 20 minutos. No teste do palito, ele deve sair com pequenos pedaços de massa, como acontece com o brownie.

domingo, 13 de novembro de 2011

Fim das férias, dia de preguiça = receita fácil e gostosa

Depois de umas boas férias, estamos de volta. Minha mãe esteve em Portugal, eu fiquei uns dias em Paris e em Praga. Tudo lindo, tudo gostoso, muitas receitas novas para testar! Já estamos preparando uma coisa ótima para o almoço do feriado do dia 15 de novembro, e eu estou com mil novidades gostosas também, coisas que vi e comi durante a viagem e receitas incríveis do livro que comprei em Paris.

Mas, tudo a seu tempo! Hoje acordei preguiçosa e com vontade de uma sobremesa fácil. Eu já tinha ouvido falar desse tal bolo tres leches, aí vi que a Janaina Fidalgo postou uma receita no blog do Paladar. É super fácil de fazer, eu levei menos de meia hora entre untar a forma e colocar tudo pronto para gelar. O bolo fica bem molhadinho, com sabor suave, e me fez lembrar aquele bolo gelado de coco que a minha avó fazia quando a gente era criança, embrulhado no papel alumínio... Comida é uma coisa tão sentimental, não é? Liguei correndo para contar para a minha avó da minha nova "descoberta".




Bolo tres leches
(obs: a Janaina inventou de acrescentar um outro "leche" também, o de coco, mas, por falta dele na despensa, eu fiz da maneira mais tradicional mesmo – mas deve ficar ótimo do jeito dela!)

5 ovos
1 xícara de chá de farinha de trigo
1 xícara de chá de açúcar
1 colher de sopa de fermento em pó
1 lata de leite condensado
1 lata de creme de leite (ela sugere o fresco, eu usei uma caixinha do normal)
2 latas de leite

Unte uma forma grande de buraco no meio e pré-aqueça o forno a 200 graus. Separe as claras e as gemas dos ovos. Bata as claras em ponto de neve e depois acrescente as gemas, batendo até ficar homogêneo. Desligue a batedeira e, na mão, misture a farinha, o açúcar e o fermento (eu costumo peneirar tudo) delicadamente. Leve para assar. No meu forno, levou cerca de 10 minutos, mas isso varia bem de forno para forno. Desenforme ainda morno dentro de uma vasilha funda. A mistura de leites vai ser despejada por cima e é bastante coisa, então a vasilha deve comportar tudo isso. Eu usei uma panela tipo caçarola.
No liquidificador, bata os três leites até misturar bem. Despeje por cima do bolo aos pouquinhos, para que a massa absorva bastante líquido.
Coma geladinho. É uma delícia.